35 – Os titulares de Loulé ao longo da História

Ao longo da maior parte da sua história, Loulé pertenceu ao território da Coroa, reportando as suas autoridades locais (administrativas, militares ou judiciais) diretamente à pessoa do Rei de Portugal, desde a outorga do seu primeiro Foral, em 1266. Esta era a fórmula politico-administrativa mais desejada pelas populações de todo o país, por não terem que depender de senhores mais ou menos poderosos, que cortavam a relação Rei-Povo que os concelhos estabeleciam.

No entanto, houve alguns períodos em que a vila, a exemplo de muitas outras por todo o país, foi concedida como senhorio privado a alguns elementos da Nobreza portuguesa, que assim exerciam sobre ela a sua autoridade, e recebiam os seus mais variados rendimentos da época.

Esses períodos foram:

– Entre 1471 e 1534 – com o Condado de Loulé, na posse da família Meneses / Coutinho; e

– Entre 1799 e 1910 – com o Marquesado, depois Ducado de Loulé, que apesar de formalmente extinto com a República, ainda hoje existe nominalmente na família … Mendonça Rolim de Moura Barreto.

De uma forma muito sucinta, apresento a seguir os nomes daqueles que foram titulares de Loulé, nas suas várias formas:

A – Condes de Loulé – 1471-1534

1º – D. Henrique de Meneses (1450-1480), neto de D. Pedro de Meneses, Conde de Vila Real, e filho de D. Diogo de Meneses. Casou com D. Guiomar de Bragança, filha do Duque de Bragança, D. Fernando. Foi alferes-mor de D. Afonso V. Recebeu em 1471 o Condado de Loulé, depois de ceder ao rei o Condado de Valença.

2º – D. Brites ou Beatriz de Meneses (1470-1530) – filha de D. Henrique de Meneses e casou com D. Francisco Coutinho – 4º Conde Marialva.

3º – D. Guiomar Coutinho (? – 1534) – foi Condessa de Loulé por autorização expressa de D. Manuel I – casou com o Infante D. Fernando, Duque da Guarda, que era filho do rei D. Manuel I. Viveram em Abrantes. Não ficaram descendentes na família quando no ano fatídico de 1534, todos os familiares morreram, e o título foi extinto (reinado de D. João III).

B- Marqueses de Loulé – 1799 – 1862

1º – D. Agostinho Domingos José de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1780-1824), que era em 1799 o 8º Conde de Vale de Reis. Considerado próximo de D. João VI, e liberal por convicção. Morreu em circunstâncias estranhas, no seu palácio de Salvaterra de Magos.

 2.º – D. Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1804-1875), 2.º Marquês, 9.º Conde de Vale de Reis. Veio a ser em 1862 o 1º Duque de Loulé (como veremos a seguir).

C- Duques de Loulé – 1862 –

1º – D. Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1804-1875) (o anteriormente citado 2º Marquês), militar e político que veio a receber em 1862, do rei D. Luís, o título de Duque de Loulé; casado com D. Ana de Jesus Maria de Bragança, a filha mais nova de do rei D. João VI e, por isso, titulada de Infanta de Portugal. Foi uma das grandes figuras do Liberalismo do século XIX em Portugal – Deputado, Par do Reino, e líder do Partido Histórico, fundado em 1952, que alternou no poder com os Regeneradores no 3º quartel do século. A ele se refere o nome da Avenida Duque de Loulé, em Lisboa. É considerado o último Morgado de Quarteira.

2.º – D. Pedro José Agostinho de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1830-1909), também 10.º Conde de Vale de Reis; casado com D. Constança Maria de Figueiredo Cabral da Câmara.

3.º – D. Maria Domingas José de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1853-1928), também 11.ª Condessa de Vale de Reis.

No período da República, e consignado na Constituição de 1911 (Título II – Artº 3º – 3º), os títulos nobiliárquicos foram formalmente extintos e abolidos os privilégios e as formas de tratamento especial. No entanto continuaram a existir nas famílias que já os possuíam, mas sempre numa situação de igualdade perante a lei do Estado.

4º – D. Constança Maria da Conceição Berquó de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1889-1967), também 12.ª Condessa de Vale de Reis.

5º – D. Alberto Nuno Carlos Rita Folque de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1923-2003), também 13.º Conde de Vale de Reis.

6º – D. Pedro José Folque de Mendonça Rolim de Moura Barreto (1958 –       ) – também 14.º Conde de Vale de Reis. Este é o atual representante desta casa ducal, que se afigura como a segunda em importância simbólica no país, a seguir à Casa de Bragança.

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